— O que eu faço, hein Fumio? Faz
muito tempo que eu não tenho uma amiga como a Maria e agora ela ta se afastando
de mim… por causa do Rafael.
— Não faz nada.
— É, eu sei… espera, o que você
falou?
— Que não é pra você fazer nada.
Calina olhava para Fumio através dos
olhos semi-cerrados.
— Você ta brincando comigo, não é?
Como não vou fazer nada?
— Não fazendo, ué. Acredita em mim,
você não vai se livrar da Maria tão fácil assim. Do mesmo jeito que o Sasha não
se livra de mim, mesmo sendo amigo dela.
— Explica melhor porque eu não to
captando a mensagem.
Fumio riu e mordeu o lábio antes de
continuar.
— Eu nunca tive muitos amigos, sabe?
E o Sasha foi o primeiro amigo de verdade que eu tive, então quando ele ficou
mais próximo da Maria, eu não me senti muito ‘confortável’, achei que ia voltar
a ser ‘solitário’. — os dois começaram a rir — mas depois eu percebi que era
uma oportunidade de ter mais uma amiga. E não uma nova inimiga. Mas, escuta,
você e a Maria se conhecem há bastante tempo?
— É, há uns dois anos mais ou menos.
Você é homem, não vai entender amizade de mulher. Pra gente, algumas amigas são
mais do que irmãs; são nossa outra metade.
— Ah, então não vou discutir já que
você diz. Mas pensa no que eu disse ta?
Por mais que quisesse se convencer
daquilo, Calina não conseguia. E se Rafael conseguisse namorar com a Maria,
tudo iria ficar ainda pior. Só de pensar na possibilidade de perder a amiga, a
primeira depois de tantos anos, a primeira que realmente ouviu seus problemas e
apareceu com soluções, alguém por quem faria tudo porque sabia que valeria a
pena… pensar nisso enchia seus olhos de lágrimas e apertava seu coração.