domingo, 29 de dezembro de 2013

Não é Medo do Vestibular

Gente, eu sei que me excedi um pouco no quesito drama, mas eu precisava desabafar um pouquinho hahaha E quero saber de quem já prestou vestibular: vocês também se sentiram assim?

Daqui a uma semana começa a segunda fase do vestibular mais famoso e mais amedrontador do país: Fuvest.  São três dias de sofrimento voluntário de mais de 30000 vestibulandos que sonham com uma vaga na USP. Eu estou incluída nesses milhares de “masoquistas”.
Assim como muita gente, comecei o processo pré-vestibular junto com o ensino médio, minha ansiedade se iniciou ainda em janeiro e passei este ano frequentando um cursinho que tomou praticamente todos os meus sábados do ano, onze horas por dia, e até alguns domingos. Porém, não posso dizer que me sinto pronta para superar os outros dois candidatos que disputam a mesma vaga que eu.   
Nas duas últimas semanas não houve um único dia em que eu não chorei de desespero, ou por não entender os conteúdos que estou revisando – e que já não tinha entendido antes – ou por medo de esquecer tudo durante as provas. Tá, eu sou dramática, tenho consciência disso. Mas, para ser sincera, eu não me importaria muito em prestar vestibular quantas vezes fossem necessárias. O “problema” é minha família. Meus pais, para ser mais precisa.
Sei que uma não-aprovação doeria muito mais neles do que em mim porque sei o quanto eles batalharam e se sacrificaram para me manter em uma escola particular por oito anos. Sei o tamanho da expectativa deles, construída por dezenas de boletins repletos de notas nove e dez. Sei que eles não querem que eu sofra o tanto que eles sofreram e que uma boa faculdade me ajudaria bastante nisso.
Agora sei que sempre ao me cobraram, de vez em quando com um pouco de exagero, meus pais queriam evitar que eu passasse pelo que estou passando, por esse desespero. Agora entendo os nãos em resposta aos pedidos para sair com meus amigos quando eu tinha compromissos relacionados aos estudos. Agora compreendo por que era terminantemente proibido faltar na escola. Agora meu maior medo não é não ver meu nome na lista de aprovados. É ver a decepção nos olhos das pessoas que mais amo, mesmo que me digam “na próxima você consegue”.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Não Sei Fazer Redação

O texto de hoje é resultado de uma sugestão do meu professor, que disse ter feito algo parecido quando criança. Devo ter sido a única da minha sala a acatar a sugestão, mas tudo bem hahaha

Já estou aqui há mais de meia hora e ainda não desenvolvi uma tese. Sim, porque hoje minhas redações não têm começo, têm - ou deveriam ter - tese. Ah, a vida do primário era tão fácil... bastava escrever uma historinha, com começo, meio e fim e a "tia" elogiava, achava aquele pedaço de papel com 15 linhas escritas uma maravilha! Agora me obrigam a fazer uma coisa que é impossível para mim: transmitir ideias, defender um ponto de vista e fazer os outros acreditarem nele. Pelo papel.
Eu. Não. Sei. Fazer. Redação. Não ganho uma discussão nem ao vivo, olhando para a pessoa, quanto mais sem saber quem ela é.
E não é falta de leitura da minha parte. Leio Poe, Wilde, Veríssimo, Machado, Drummond, Rowling e muitos outros. Mas obviamente há uma diferença entre nós. Eles provavelmente sabiam fazer uma redação quando frequentavam a escola. Boas redações, sobre assuntos relevantes. O máximo que arranco de minha caneta, e ainda assim, sob muita tortura (tanto dela quanto minha), é meia dúzia de linhas sobre "as minhas férias". Ou seja, muito menos do que as benditas vinte linhas exigidas.
Aliás, por que vinte linhas? Se o objetivo é transmitir ideias, uma ou duas linhas bastariam, quem quisesse saber mais que me procurasse. Duvida? Pois bem, eu acho que deveríamos parar de fazer redações, economizar papel e cortar menos árvores. Seria um mundo tão feliz...

sábado, 14 de dezembro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 39

Gente, peço desculpas mais uma vez pela demora, mas minha vida tá meio corrida e bagunçada :/ Final de ensino médio não é mole, não, meu povo. Mas curtam aí!

     Mas toda a sua alegria acabou na hora do intervalo. Rafael tinha chegado na segunda aula e não tinha trocado uma única palavra com ninguém até aquela hora. Enquanto saíam da sala, ele cumprimentou Miguel, Calina, Sasha, Fumio e quando foi falar com Maria, ele desviou do beijo no rosto para um selinho. Alice ficou boquiaberta. Sasha disparou como um raio para o banheiro. Ninguém mais além deles viu a cena.
            — Rafa, olha… aquilo que aconteceu ontem… não era pra ter acontecido.
            — Se não era pra ter acontecido, por que aconteceu então? — ele tentou tocar o rosto de Maria, mas ela virou para o lado. Ele riu pelo nariz — Você ta brava comigo, né?
            — Não, não to. E nem pretendo ficar. É por isso que eu quero que a gente esqueça o que aconteceu. Não quero estragar nossa amizade.
            — E quem disse que isso vai acontecer?
            — Eu. Eu to dizendo.
            — Ta, tudo bem. Prefiro continuar por perto, mesmo que seja só como amigo. Me desculpa.
            — Não tem o que desculpar. Mas se a gente enrolar muito aqui na sala, vamos ficar passando fome o resto do dia, porque vão esvaziar a cantina!
            “Perdi a Maria. Justo para o Rafael, um dos meus melhores amigos. Eu devia ter feito alguma coisa.”
            Sasha estava com as mãos apoiadas na pia, se olhando fixamente no espelho. Não podia acreditar no que tinha visto. Mas ele estava decidido a não comentar nada com nenhum dos dois. E também decidiu se afastar de Maria. Seria melhor assim.
         A discussão de Maria e Alice continuou sendo assunto nos dois dias seguintes e por mais que tentasse ignorar, aquilo estava começando a irritar Maria, e muito. Para piorar a situação, Sasha não conversava mais com ela e mal dava bom dia e tchau; e ela não tinha a mínima ideia do que tinha acontecido para ele ficar assim. Alice sempre dava aquele sorrisinho ridículo e dizia “cadê a ameaça agora?” quando passava por ela. E, claro, Rafael também estava diferente. Parecia que o universo conspirava contra Maria. Pelo menos já era sexta-feira e ela estava indo para casa.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Todas São Plus Size

Robyn Lawley
Quem me conhece pessoalmente pode nem desconfiar - e até duvidar - do fato de que eu adoro moda. Sério. Sigo pelo menos uns cinco blogs de moda, beleza e afins. Posso não colocar muito do que vejo em prática, mas acho que se trata de um universo fascinante. Cores, tecidos, cortes, texturas, enfim. Mas não é preciso ter o mínimo contato com moda para saber que as mulheres mais gordinhas costumam ser excluídas desse tal universo.
Foi por esse motivo que surgiu o movimento plus size. Não são quilos extras que vão impedir as mulheres de se vestir bem, assim como não são eles que as tornam menos bonitas do que as moças magras. Infelizmente, aqui no Brasil a ideia do plus size ainda está em processo de difusão e são poucas lojas que têm opções variadas de roupas para esse público, e não somente as costumeiras peças com cara de "tia".
Mas basta fuçar um pouquinho a internet para achar ótimos blogs que dão dicas para as gordinhas de como se vestir maravilhosamente bem, e o Grandes Mulheres - que acompanho há bastante tempo - é um deles. E foi por ele que fiquei sabendo de um assunto meio polêmico.
Semana passada a revista Cosmopolitan fez um ensaio fotográfico de moda praia supostamente plus size. Por que supostamente? A modelo, Robyn Lawley, é, sim, uma modelo plus size. MODELO. E considerando que as modelos "normais" vestem de 34 a 36, no máximo 38, uma mulher como a Robyn tem realmente quilos a mais, e gostosura a mais também, diga-se de passagem. Mas não para algumas gordinhas, que se sentiram insultadas. Afinal, se Robyn é gorda, elas seriam o quê? (e confesso que me fiz a mesma pergunta)
O sururu começou aí. A maioria das pessoas concordava que não tinha cabimento enquadrá-la no plus size. Ela e todas as outras moças com corpos assim. Porém, bastante gente dizia que se isso não fosse feito, tais moças seriam mais uma vez excluídas, por não se encaixarem em nenhum dos dois modelos, no de magreza ou de gordurinhas.
Mas pensem comigo: será que um rótulo importa tanto assim? É claro que é importante as gordinhas terem um espaço garantido em um território antes habitado apenas por mulheres macérrimas, só que daí a esquentar a cabeça com uma designação para passarelas é um pouco demais.
A curiosidade me fez descobrir que o termo plus size é válido para mulheres que vestem a partir do 40/42. Eu pergunto: quantas mulheres, não no mundo, podemos reduzir a escala apenas ao Brasil, vestem de 34 a 38? Com certeza um número bem abaixo da metade da população feminina, não? Então... somos todas plus size? Todas vestimos um "tamanho maior" que o padrão? Sendo que nós somos o padrão? Até quando as mulheres serão levadas a acreditar que, por terem corpos como o da Robyn, são gordas?
E é engraçado ver algumas situações do cotidiano. Eu sou personagem de muitas delas, e uma em especial me faz rir hoje, porém, na época, fez com que eu me sentisse meio deprimida por não ser magricelinha. Durante uma conversa com duas amigas, ambas pequenininhas e bem magras, o assunto "numeração do jeans" veio à tona. As duas vestiam 36, e eu, 42. O silêncio e as expressões delas só serviram para me fazer sentir vergonha. E foi assim que eu me senti por muitos anos, envergonhada por vestir 42 e, agora, 44. Até olhar bem para as duas e perceber que elas não tinham quadril, coxa, panturrilha. Tinham cambitos. E eu, modéstia à parte, tenho pernas que me rendem elogios de vez em quando e meu quadril é qualquer coisa menos estreito.
Se não sou plus size, ótimo; se sou, melhor ainda, agradeço por ser considerada do mesmo "grupo" de tantas mulheres lindas e, acima de tudo, autênticas.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 38

            — Na sétima série ela teve, sei lá como explicar isso… uma crise de depressão. Eu nunca soube o motivo. Mas durante essa crise ela cortou o pulso esquerdo e só não cortou o direito também porque a mãe dela chegou na hora certa. Ela começou a fazer tratamento com psicólogo, mas depois de seis, sete meses ela parou. E no começo desse ano, que foi quando ela escreveu aquilo, ela fez a mesma bobagem. Só que quem a encontrou dessa vez fui eu. Depois disso ela me contou o que já tinha acontecido, mas não o porquê.
            Calina estava em choque, nunca imaginaria que Maria tinha feito uma coisa dessas, querer tirar a própria vida… logo ela, que sempre parecia tão feliz…
            — Não comenta nada com ela, ta? Já foi difícil pra ela passar por isso duas vezes, e ficar lembrando não ajuda em nada. — Calina fez que sim com a cabeça — Agora vamos voltar porque o sinal bate daqui a pouco.
            Os dois chegaram na mesma hora que Maria, que era seguida pelos olhares de todos. Alguns ainda comentavam bem alto:
            — É difícil ter que estudar na mesma escola que gente baixa, sem nível e sem educação…
            Maria simplesmente olhava com expressão de divertimento e comentava com Calina:
            — Eles que ficam gritando e eu que não tenho educação?
            O assunto daquele dia era a discussão do dia anterior. Maria era apontada como a errada da história, quem tinha começado sem motivo algum, mas ela simplesmente se fingia de surda. Não deixava os comentários alterarem seu bom humor. Alice, por outro lado, era vista como a vítima pela maioria, pois pouquíssimas pessoas tinham ouvido o que ela tinha dito de Maria. Mas, sendo adepta do “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” não se incomodava, pelo contrário, estava adorando a situação. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Participação de Amigos - Luisa Lima

Minha correria com o ENEM acabou, então cá estou com uma postagem nova. O texto dessa vez é da Luisa Lima e só o que vou dizer é: meus. Deuses. (oi, semideuses! ^-^) Quaisquer outras opiniões, deixo por conta de vocês! 

Apenas desenhos
Já estava sem motivos para fugir.
Eu sentava em um canto, quieta, imersa em meus desenhos, esquecendo de tudo à minha volta. Era uma boa maneira de passar despercebida por quem quer que viesse falar comigo, poucas pessoas reparavam em um canto com sombra abaixo de uma árvore com o cheiro de assados da cantina.
Parte de mim queria ouvir aquela voz, mas eu sabia que não adiantaria nada. De que adianta falar com ele, se ele não enxerga nem um palmo à frente do nariz? Podia ser meu melhor amigo, mas havia uma parte de mim que ele nem fazia ideia que existisse, e essa parte se apoderava do resto do mesmo jeito que as orquídeas cresciam nos galhos daquela árvore. E ele lá, sem saber da existência daquela delicada flor em mim.
— Do jeito que é branca, ninguém vai te ver encostada nessa parede.
Lá vinha aquela voz.  Um calor se apoderava de minha face, mas eu respirei fundo.
— Então como me achou? Que eu me lembre, tomei banho hoje, não devia me farejar.
— Ui, que garota brava. Relaxa, só ia até a cantina.
— Então se apresse, antes que a torta de frango acabe.
— Como sabia que eu ia pedir isso?
— Você só come isso... Vai lá, antes que eu adivinhe seu café da manhã também.
Bom, pelo menos ele seguiu o estômago dele e saiu. Se o Pedro vir esses desenhos, já vai começar a me perguntar mil coisas, e eu não quero falar no que me inspirei. Na verdade, eu nunca falo; isso não importa.  Agora eu estava em paz de novo, podia desenhar.  Alguns traços não estão bons, o sombreado está fraco... Quem sabe escutar algumas músicas me motiva a terminar.
Eu estava quase terminando, tinha esquecido do resto do mundo e já estava cantando em uma voz não tão baixa a música que escutava. Subi os olhos para ver se alguém vinha com uma camisa de força achando que eu era louca quando me deparei com aqueles olhos castanhos me observando. Ah não, não era eu, era o desenho que ele observava.
—Pedro, caramba, dá pra não me assustar?
— Desculpa, se não tivesse visto seu desenho teria passado achando que não tinha nada aqui.
Ele se sentou, pegou meu fone e encarou a folha.
— Essa música é bonita.
— Fala isso porque foi você que me mostrou.
— Claro, por isso é bonita. — ele apontou para o desenho — E esse cara tem o cabelo grande demais.
— Ele tinha o cabelo assim quando o conheci. Disfarçava as orelhas.
— Mas ninguém falava com ele.
— Eu não sou ninguém? Sem piadinhas sobre minha transparência.
— Você não é ninguém, é alguém. Alguém muito tímida que o garoto deve ficar procurando por aí, embaixo de árvores.
— Pra quê? As minhas amigas não ficam escondidas, ele podia ir lá falar com elas.
— Talvez ele não queira.
Sem me deixar responder, começou a cantar a música do fone. Cantava baixo, sua voz era grave e eu começava a ficar mais vermelha.
— ...Eu vejo as suas cores no seu olho tão de perto, me balanço devagar, como quando você me embala, o ritmo rola fácil, parece que foi ensaiado, e eu acho que gosto mesmo de você, bem do jeito que você é...
— Por que tá me deixando vermelha?
— Porque é legal.
— Caramba, dá pra parar? Você vem aqui, me atrapalha, fica bisbilhotando meu desenho, tira meu fone, fica me provocando, que tipo de amigo você é que não quer me deixar em paz?
— O tipo de amigo que não quer ser mais só amigo.
Acho que não preciso dizer que fiquei sem fala. Seus olhos fitavam os meus, ele colocou uma das mãos em minha nuca. A partir daí não vi mais nada, só senti seus lábios quentes, uma vontade reprimida de abraçá-lo se manifestou, e o caderno de desenhos caiu no chão.
Ali havia o desenho de um casal de jovens, sentados à sombra de uma árvore.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Participação de Amigos - Silas Castro 2

Sim, DOIS. rs E vocês podem esperar por mais participações. Já tenho algumas encaminhadas ;)

O Lixo e as Rosas
Eu estava voltando para casa, mal aguentando manter os olhos abertos e o peso do meu corpo sobre minhas pernas. Virei a esquina em direção ao ponto de ônibus e sem querer esbarrei na caçamba de lixo.
Então ouvi um barulho de algo caindo, era um buquê. Abaixei-me para pegá-lo, só para manter a calçada limpa para em seguida continuar meu trajeto, mas... As rosas eram frescas, não pude deixar de notar. O celofane tinha sido cuidadosamente arrumado. Só faltava o cartão, que provavelmente ainda estava no lixo.
Lembrei-me do buquê que entreguei para minha namorada um mês antes. Imaginei-me no lugar da pessoa que tinha comprado aquele para alguém de quem gostava. A sensação não foi nada boa.
O que levaria uma pessoa a descartar algo tão bonito? Talvez um pedido de namoro recusado... A descoberta de uma traição... A cena começou a se passar diante dos meus olhos.
Um rapaz vinha com as flores na mão pela mesma rua na qual eu havia passado. Também parou ao lado da caçamba, olhou para frente e viu a fachada da casa onde iria entregar seu presente, porém antes de dar seu primeiro passo a porta se abriu saindo sua amada e para sua surpresa um homem junto com ela ambos de mãos dadas. Antes de partir a mulher segurou o braço do amante e puxou para darem um beijo, fazendo os ombros do rapaz das flores caírem em desânimo. A moça despachou o homem para o carro e voltou para dentro enquanto o automóvel arrancava. As rosas não passaram daquele ponto.
Não. Muito trágico. Prefiro acreditar que quem recebeu o buquê era alérgico a pólen. Ou que era um sinal de um término amigável. Possibilidades ínfimas, porém mais alegres.
Meu ônibus chegou. Devolvi as rosas para o triste lugar em que estavam e corri para o ponto. Afinal, eram só flores no lixo, nada importante.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 37

            — Você sabia! E ainda assim não me falou nada! Que belo amigo eu tenho, hein?
            — Obrigado pela parte que me toca.
            — Ha, engraçadinho. Ta, que a letra era dela você sabia, mas você também sabe do que ela estava falando? Ela parecia um pouco desesperada.
            Ainda com cara de culpa no cartório, Sasha abriu a boca, mas nenhum som saiu.
            — Ok, você sabe, agora fala, eu suplico.
            — Por que você não pergunta direto pra Maria? Não é mais fácil?
            — Não, não é. Se ela não comentou comigo quando aconteceu, porque falaria agora? E eu fiquei meio preocupada depois de ler aquilo. Sasha, por favor…
            Ele respirou fundo e bufou. Ele queria contar, mas ao mesmo tempo isso parecia muito errado. Se Maria não tinha comentado nada era porque não queria que Calina soubesse. Mas se as duas eram melhores amigas…
            — Ta, eu conto, mas confio na sua capacidade de guardar segredos. Vem cá.
            Os dois foram para a cantina, vazia àquela hora.
            —Você já reparou que a Maria sempre usa o relógio no braço esquerdo e durante a Educação Física ela coloca uma munhequeira ou amarra um lenço no mesmo lugar?
            — Já, mas o que isso tem a ver com o diário?
            — Jura que você nunca se perguntou por que ela faz isso?
            — Sempre achei que fosse só porque ela gosta.

            Ele respirou fundo antes de continuar.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Tão Mais Fácil...

Sabia que poderia te encontrar a qualquer hora andando por ali. Normal. Aquele seu sorriso Trident, que sempre me matou de inveja. Branquinho, retinho e... meio psicopata. Bem como eu. Prova de que, apesar de não sermos chaveiros com ímã, tínhamos motivos para ser atraídos um pelo outro. Mas não deu. Fazer o quê?
Nada.
Já de longe eu te vi, rindo, risada escandalosa, piadas de gosto bem duvidoso. Seus amigos te olhando de esguelha e desconhecidos fugindo com medo de serem contagiados por sua doença. Foi aí que não aguentei e ri também. Péssima escolha.
Tentei ser discreta, mas você sabe que isso nunca foi meu forte. Bastou levantar o olhar para perceber que uma das meninas andando com vocês tinha percebido o meu divertimento e apontava em minha direção, também sem nenhuma vergonha pela falta de classe do seu ato. Você inclinou a cabeça para perto dela e logo em seguida olhou para mim.
Fez uma careta, sorrindo, e se aproximou. Quantos minutos de silêncio? Um? Cinco? Sei lá, acho que não importa... sabemos perfeitamente que estávamos pensando a mesma coisa: cadê aquela amizade que queríamos manter? Cadê a saudade do começo? Onde está a tristeza do fim? Talvez tenha ido embora, simples assim, sem nenhuma explicação complexa sobre "fins".
- Eu já disse que você precisa parar de ser escandalosa.
- E você, de ser doente.
- Minhas namoradas é que precisam de uma dose extra de juízo... Tenho... que voltar. Até New York?
- Até.
Tão mais fácil assim. Sem mágoa. Só boas memórias. E ótimas piadas internas para sempre.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 36

Meu povo, voltei! E agora com duas mãos ^-^ posso voltar a digitar rs Sim, faz tempo que não posto a série, mas aqui vai ela:

            Era informação demais para processar em menos de meia hora, e Maria não sabia por onde poderia começar a arrumar aquela bagunça no seu cérebro e no seu coração, que acelerava cada vez mais. Uma pergunta martelava na sua cabeça: se Calina estava certa com relação a Rafael, será que também estava certa quando falou de Sasha?
            Já em casa, depois da confusão com Maria e Alice, Calina decidiu ler um pouco do livro que ganhou no dia anterior. Assim que o abriu, seus olhos foram direto para o bilhetinho azul, que finalmente fez uma luz se acender em sua cabeça. Ela correu até a sala, abriu a mochila e jogou tudo o que estava dentro no chão. Revirou cadernos, o estojo, os livros e enfim achou, dobrado dentro de um dos bolsos, o pedaço de página de diário. Ela voltou ao quarto e colocou lado a lado os dois papeizinhos. Finalmente descobriu de quem era a letra: Maria. Já fazia tempo que não escrevia daquele jeito, pois dizia que podia ter uma caligrafia melhor, e Calina não reparava muito nisso também, por isso demorou tanto para descobrir. O problema então virou saber sobre o que Maria estava falando, sobre o que ficou tão preocupada a ponto de nem contar para a amiga. Ao invés de conversar com ela, decidiu falar com Sasha, mas só no dia seguinte.
            Para ter certeza de que conversaria com ele, Calina puxou o amigo para uma conversa 20 minutos antes de as aulas começarem.
            — Que desespero é esse?
            — Não é desespero, é curiosidade. Você se lembra daquele papel que te mostrei há um tempo e você achou que a letra fosse da Alice?
            — Lembro, mas e daí?
            — Descobri de quem é a letra. Da Maria.
            Sasha mordeu os lábios e olhou para os lados, com uma cara de culpa.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Participação de Amigos - Silas Castro

Eu volteeeiii! rs Pessoas, me perdoem, mas, como já comentei, dedos quebrados são muito piores do que parecem. O texto de hoje não é meu, foi escrito pelo Silas Castro, meu amigo e admin da página do blog no Facebook. Estou devendo esta postagem a ele há muito tempo, então resolvi criar vergonha na cara e honrar minha promessa. Aproveitem aí porque tá muito bom!

Uma vez li um texto que dizia: “Vida: doença sexualmente transmissível que gera um ser que crescera, aprendera, amara, sofrera e acabara morto”; isso me fez refletir.
Crescer, aprender, amar, sofrer e morrer são situações que ocorrem querendo ou não. Quando criança, sempre quis crescer para ganhar um pouco mais de independência no mundo dos “gigantes”, lembro até hoje o quanto fiquei feliz quando abri o chuveiro sozinho (a válvula ficava a mais de um metro e meio de altura). Alguns têm problemas quando só crescem para o lado, porém ser magro sempre foi meu forte.
Aprender também me fez ganhar mais liberdade de expressão. Comecei a entender o que estava ocorrendo ao meu redor e a ter opinião quanto a isso, definindo o que gostava e não gostava, o certo e errado etc. A “evolução” do gostar é amar e no meu caso o meu primeiro amor foi bem platônico (aquele clássico menino tímido e garota popular) e eu sofri bastante. Para falar a verdade, sofri porque queria, pois no fundo sabia que aquilo era impossível e infelizmente essa não foi a única vez que isso ocorreu.
A amizade na adolescência gera grandes confusões e conflitos com o amor, dando frio na barriga e um grande medo de cometer uma burrada ao ver aquela pessoa que sempre foi legal, porém agora era algo a mais. Mesmo quando encontramos a pessoa certa, as coisas não simplificam tanto: presentes, datas, “família nova”, ciúmes, brigas... Daria para falar mais, porém esse não é o meu foco agora.
A última parte dessa “doença” é a única inevitável, como minha mãe sempre fala: “a única verdade que se sabe é que iremos morrer”. Inusitada e sorrateira, a morte mesmo sendo triste é tão importante quanto as outras.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Histórias Se Repetem

Sim, faz muito tempo que eu não posto rs quebrei dois dedos e, acreditem, é muito ruim usar o computador com uma mão enfaixada. Ah, e esqueci de comentar, agora o blog tem página no facebook! Yay! Clica aqui e curte lá ;)

A qualquer hora do dia
Se paro por um minuto
Minha mente viaja, caminha
Lentamente ao encontro de algo
Que se pudesse, esqueceria.

Já sofri, chorei demais
Por alguém que não merecia
Porque sequer sabia de tudo,
Sacrifícios que por ele eu fazia.

Não queria repetir as queixas
Que muitos fazem de seus antigos amores
Mas histórias se repetem,
Assim como nossas dores.

domingo, 21 de julho de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 35

            Deitada na cama, Maria estava pensando no que tinha acontecido. Ela olhou para o lado, viu seu celular e decidiu ligar para Calina, desabafar. O problema era que seu cérebro a mandava fazer isso, mas seus dedos não o obedeciam. 
Tecla após tecla, ligaram para Sasha. Três toques depois, sua voz surgiu do outro lado da linha.
            — Alô?
            — Oi Sasha…
            — Maria? Você ta bem?
           — Eu briguei com a Alice, esqueceu? Queria que eu tivesse como?
        — Nervosa. Não triste, com esse nó aí na garganta. — era impossível esconder alguma coisa dele — Vai, me conta o que aconteceu.
            — Bobeira minha, eu acho. Liguei mais pra ouvir a voz de alguém.
            — Ah, sei. Você não vive sem mim, essa é a verdade! — ele riu — Mas falando sério, você sabe que pode contar comigo pra tudo, eu te amo. — “isso de novo?” Maria pensou — Assim como a Calina e o Rafa. Amor de amigo só perde pra amor de mãe, sabia? Ainda mais a gente, que se conhece desde sempre.
            Amor de amigo… Maria sentiu um aperto no coração a ouvir isso e a partir daquele momento se convenceu de que não poderia mais negar que gostava de Sasha. Mas se a recíproca era verdadeira, isso era outra história.
            — Sasha, vou desligar. Precisava ter ligado pra minha mãe meia hora atrás.
            — Cansou de ouvir a voz de alguém, foi?
            — Nossa, como você é engraçado… é por isso que eu te amo. Tchau, beijo.
            — Tchau. Mas, espera, fala de novo?
            — Falar o quê?
            — Que me ama.
            — Te amo.  
            — Também te amo. Tchau, linda.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Dois Anos de Amor

Eu te amo… amo muito.
Amo como Luna ama pudim.
Amo como Dobby ama meias.
Amo como Harry ama quadribol.
Amo como Hagrid ama criaturas mágicas perigosíssimas.
Amo como Fred e George amam pregar peças.
Amo como Molly ama sua família.
Amo como Arthur ama os trouxas.
Amo como Dumbledore ama sorvete de limão.
Amo como Hermione ama livros.
Amo como Ron ama sapos de chocolate.
Amo como Voldemort ama suas horcruxes.
Amo como Bellatrix ama Voldemort.
Amo como Valter e Petúnia amam Duda.
Amo como Tonks ama Lupin.
Amo como Snape ama Lily.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Amor Inocente

E naquele momento em que te vi, senti uma coisinha diferente aqui no meu peito, que ainda não sabia dizer o que era. Mas eu sabia que precisava chamar sua atenção. O problema era que não importava o quanto eu me esforçasse, ou o que eu fizesse, você parecia não perceber nada disso. Não vou dizer que meus métodos eram dos melhores, porque hoje eu vejo como eles deviam ser interpretados por você, como eram bobos. Me afastar de repente, não te tratar como tratava os outros – mesmo que isso significasse ser um pouco mais rude - , fazer coisas que te irritavam, te evitar de vez em quando. E tudo isso só para ver se você sentiria minha falta. Nunca sentiu. Ou pelo menos nunca deixou isso claro.
Me incomodava demais te ver quase sempre e não poder explicar por que minhas bochechas ficavam vermelhas quando você sorria para mim, ou quando eu ouvia meu nome saindo da sua boca. Era pior ainda quando você acenava, mesmo que não fosse para mim, indo embora; eu sentia que tinha engolido um pote de sorvete inteiro de uma só vez, tamanho era o frio que se instalava no meu pobre estômago.
Ainda me lembro do dia do primeiro amigo secreto que fizemos. Eu tirei meu melhor amigo, que tirou você, que tirou aquela garotinha esquisita, que me tirou. Passei quase uma semana me perguntando por que diabos vocês não tinham trocado os papeizinhos; não custaria nada e eu ainda poderia te abraçar, ao invés de ver meu amigo fazendo isso. E até hoje eu tenho a foto que insistiram em tirar de mim com a garotinha, me olhando toda sorridente enquanto eu mal conseguia disfarçar a decepção. Malditos papeizinhos de amigo secreto... tantas outras pessoas com os nomes ali e mesmo assim esse círculo chato se formou.
Lembro também que uma semana depois, já nas férias, fui ao parquinho perto de casa brincar e vi sua mãe e você saindo da padaria logo em frente. Aquelas trancinhas no seu cabelo e aquele vestido florido te irritavam tanto que seu bico era enorme. Mas aí sua mãe apontou para a praça, e um sorriso apareceu entre as suas orelhas recém-furadas… sim, eu tinha percebido. Você saiu correndo e eu estava crente que viria falar comigo, até te ver desviar um pouco e ir até o outro lado do gira-gira para falar com o meu melhor amigo. Ele de novo.
Nessa hora eu senti tanta coisa ao mesmo tempo… parecia que eu tinha brincado de pega-pega por uma hora sem parar, de tanto que ofegava; meu peito doía, mas era uma dor muito maior do que aquela que senti quando me joguei de barriga na piscina do meu tio; minhas mãos gelaram e eu comecei a chorar. Chorei quase tanto quanto da vez em que meu primo quebrou meu Max Steel que eu tinha ganhado no mesmo dia. Fiquei tão triste que não quis mais brincar. Fui até o banco em que minha mãe estava sentada me esperando e pedi colo. Ela nunca me perguntou nada sobre aquele dia.
Não posso afirmar que eu te amava, afinal, não sei se crianças sabem realmente o que é esse tipo de amor. Só posso dizer que você foi a primeira a me machucar desse jeito. E mesmo assim, vou sempre me lembrar daquela garotinha linda, que odiava prender o cabelo, com muito carinho e um sorriso no rosto.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 34

            — É, sei sim. Agora você vai começar com aquele discurso: “eu, a Ca e o Sasha só fazemos isso porque te amamos” e blábláblá. Nem começa.
            — Eu to falando sério.
            — E eu não to? Ah, não me deixa mais irritada do que a Alice deixou.
            Antes de começar, ele deu uma risada.
            — Eu to querendo te dizer que eu te amo. De verdade.
            Completamente sem reação, tudo o que Maria fez foi continuar olhando para aqueles olhos cor de mel que pareciam estar lendo todos os seus pensamentos naquele momento. Como se quisesse acordar de um pesadelo, ela fechou os olhos e sacudiu a cabeça para os lados.
            — Rafa, para com essa brincadeira.
            — Não é brincadeira… — aos poucos seu rosto se aproximava do dela. — E eu sei que você já percebeu isso lá na escola…
        E os dois se beijaram. Maria não se afastou e não relutou em nenhum momento. Mas ela não conseguia entender o motivo de só pensar em Sasha naquela hora, de querer que aquele beijo fosse com ele. Os dois eram só amigos…
         Depois de um tempo que pareceu uma eternidade para ela e uma fração de segundo para Rafael, Maria se soltou do abraço dele e foi correndo até o portão. Já do lado de dentro, ela deu um sorriso tímido e com certo esforço, sua voz saiu:
            — Obrigada por se preocupar comigo…
       E assim ela entrou, meio desnorteada, sem saber se o seu coração acelerado indicava alegria, desespero ou mesmo medo de algo que não estava nem um pouco claro em sua mente.
          Rafael, ainda parado em frente ao portão, se sentia tão feliz que poderia sair pulando pela rua. Sua vontade era de ir até a casa de Sasha e lhe contar o que tinha acontecido, de dizer: “eu consegui. Conquistei a Maria antes de você.” Mas isso pareceu muito infantil. Ele simplesmente deu meia volta e foi embora.  

domingo, 7 de julho de 2013

Aula de Inglês

Jana chegou cansada em casa, e mal trancou a porta, já foi jogando bolsa e blusa no sofá, tirando o All Star do pé de qualquer jeito e se arrastou até o quarto, onde se jogou na cama.
— Ainda bem que a mamãe não ta em casa hoje… não vai me obrigar a levantar e ir almoçar.
O celular tocou.
— 6449… não to reconhecendo… quem será? Alô?
— Jana?
— Quem é?
— Ah, maus aê.  É o Daniel, do inglês.
Um arrepio percorreu a espinha de Janaína.
— Ahn, oi. Tudo bem com você?
— Tudo, e você?
— Bem.
— Jana, você sabe me dizer qual é a lição que a gente tem que entregar hoje?
— Unidade cinco, se não me engano. Mais o texto.
— Putz, ferrou. Não comecei nenhum dos dois e não entendi nada da última unidade…
— Quer ajuda?
— Óbvio que sim!
— Você consegue chegar lá na escola daqui a quanto tempo?
— Mais ou menos uma hora.
— Me encontra lá que te sou umas dicas pra lição, pode ser?
— Opa, partindo aqui. Beijos, te vejo daqui a pouco.
Ela desligou o celular e apertou o travesseiro contra o rosto.
— Ah, o que eu não faço por eles…
Levantou, calçou o tênis, pegou blusa, bolsa e uma bolacha para comer no caminho. Acabou chegando quinze minutos antes de Daniel.
— Nossa, você é rápida, hein? Achei que eu ainda ia ter tempo pra dar uma olhadinha no livro, sabe, só pra não fazer feio, pra você não achar que eu sou um completo ignorante. — ele riu.
— Não precisa me esconder uma coisa que eu já sei! Tá, brincadeiras a parte, o que você realmente não entendeu? E por favor, não diga ‘tudo’!
— Deixa eu ver… acho que principalmente aquele negócio de present perfect. Tipo, não peguei a estrutura, quando que eu uso isso, e por aí vai.
— Acho que seu caso tem solução, mas pra começar, não seria melhor se você sentasse?
— He, he, verdade. — ele puxou uma cadeira para perto de Janaína.
— Então, a estrutura não tem muito segredo, você vai usar have, ou has, depende da pessoa, mais o verbo no passado, se for regular. Se for irregular, você vai usar o past participle.
— Aquele da terceira coluna? — Daniel aproximou mais a cadeira.
— É, a terceira coluna que por acaso se chama past participle.
— Tá, parece que meu cérebro tá começando a entender. Então, sei lá, pra dar um exemplo, posso falar “I have swept my whole house” ou “She has fallen in love with the wrong guy”?
—Se eu não te conhecesse, ia dizer que você aprende muito rápido! Ou, quem sabe, que me chamou aqui só pra ficar olhando pra minha cara!
— É, né, quem sabe…
— Ahn, mas voltando à explicação, você também não entendeu quando usar, né?
— Isso. — mais uma vez, ele puxou a cadeira. Mas dessa vez ela encostou na cadeira de Janaína; esta, cada vez mais vermelha.
— Basicamente, é quando a frase não tem indicação de tempo, porque a ação é mais importante do que quando ela aconteceu. Ou também quando acabou de acontecer.
— Ah, é, tipo “I have just taken a shower”.
—Eu acho que eu vou embora! Você tá quase sabendo mais do que eu!
— Não, não vai não. Você é uma professora muito boa… — a mão dele ficou em cima da dela.
— Se isso for um elogio, eu agradeço.
— Ué, e tem como não ser?
— Vindo de você, qualquer coisa é possível!
— Tá, isso não pareceu elogio!
— Ui, ele se sentiu ofendido…
— Não muito. Sua voz melhora até uma ofensa.
— Daniel…
— Hum?
— Me desculpa ser, sei lá, direta demais, mas por acaso você tá dando em cima de mim?
Daniel arqueou a sobrancelha direita e sorriu.
— Achei que você nunca ia perceber… — ele se inclinou em direção a Janaína, que recuou um pouco.
— Você tá louco? E se passar alguém aqui?
— Tá todo mundo em aula. E não é segredo que a sala de estudos é mais vazia do que câmara de vácuo.
Janaína riu da piada patética e Daniel continuava se aproximando. Para não cair, ela já não podia mais se afastar, então tentava manter uma distância entre os dois colocando as mãos nos ombros dele, “empurrando”. Quando ela estava prestes a ceder, os lábios dos dois quase se tocando, uma terceira voz encheu a sala.
— Daniel!
Ele se virou para a porta, branco como lençol, com os olhos arregalados.
— Heloísa?!
— Eu… eu não acredito!
— Não, amor, espera…
— Amor?! Você tem namorada?
— Ele tinha namorada! Não quero mais nem olhar pra cara desse cretino!
Heloísa saiu pisando duro. Janaína estava boquiaberta e Daniel estacou no meio da sala.
— Idiota. — ela jogou tudo dentro da bolsa, que pendurou no ombro esquerdo.
— Jana…
— Sai da minha frente.
Ela deu um empurrão no garoto, que se desequilibrou e se apoiou na mesa. Janaína bateu na sala onde sua professora estava dando aula, entregou o que precisava e disse que não poderia ficar. Já na rua, uma depois da outra as lágrimas caíam.
— Idiota… idiota… eu sou muito idiota.

terça-feira, 2 de julho de 2013

O Português Agradece

Na minha época de escola eu era o típico CDF. Nerd, em termos atuais. Alguns anos atrás (desnecessário mencionar quantos exatamente), CDFs não eram esses caras queridinhos de hoje, que de tão amados ganharam série próprias na TV americana. CDF era aquele cara sentado na primeira carteira, com notas excelentes, pelo qual qualquer professor cairia de amores. Era o “engomadinho”, que gostava de tudo na mais perfeita ordem. Pois bem, eu era assim.
Hoje, analisando meu eu daquela época, chego à conclusão de que provavelmente eu tinha TOC, acompanhado de chatice aguda. Tenho pena de meus amigos, e ao mesmo tempo admiração imensurável. Eu era, e continuo sendo, insuportável; passar certo tempo ao meu lado não é para qualquer um. Ouvi da minha mãe que eu era tão chato que ela não sabia como pessoas ainda se aproximavam de mim. Carrego esta dúvida até hoje.
Agora que já apresentei meu defeito, saio em minha defesa: me chamam chato porque tenho mania de corrigir as pessoas. Se alguém diz “cardaço”, corrijo sutilmente, juro. “Largatixa”, “câmera dos deputados”, “iorgute”… Dou uma de joão-sem-braço e corrijo a palavra em minha resposta, porque gostaria de ser corrigido se falasse algo errado.
Imagine a situação: você e a garota por quem é apaixonado, em um diálogo entusiasmado quando você solta um maldito “quando eu era di menor” (você não sabe o quanto me dói escrever isso…). Ela te olha estranho, sorri amarelo e fica atenta a qualquer outro absurdo que saia da sua boca. E não venha me dizer que se ela realmente gostar de você, um “pequeno deslize” não fará diferença. Te garanto que seu conceito com a moça cairá alguns pontinhos.
E se o exemplo do encontro não foi o suficiente para te encorajar a falar corretamente, aqui vai um que fará isso. Você, na entrevista do emprego dos seus sonhos, quando o entrevistador derruba algumas coisas da mesa. Você o ajuda a juntá-las e entrega um bloquinho para ele, com as seguintes palavras: “sua cardineta.”. Esqueça o cargo, amigo. Levante-se e vá para casa. Ninguém quer a imagem de sua empresa associada a alguém que fala “cardineta”.
Os absurdos não param por aí. Ainda temos o clássico “estou soado” – você por acaso é um sino para soar? Não? Então você sua, com “u” mesmo. Já ouvi “penicite”, ao invés de “apendicite”; “ededron”, “encharpe”, “cristal esvairóvski”… (é Swarovski, por favor. Você não gostaria que errassem seu nome, não é?)
Não me importo muito com os pleonasmos como “fato real”, “elo de ligação”, “cego dos olhos” porque nem eu escapo de alguns deles (hoje mesmo soltei um “certeza absoluta”). Mas isso não os torna menos desagradáveis.

Não fale errado só porque todos o fazem. Está mais do que na hora de se redimir com a língua que aceitou tantas agressões ao longo de anos. O Português agradece.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 33

            — Eu quero sim, mas antes só umas coisinhas: se você me acha feia ou bonita, não me importa, pelo menos eu não sou falsa como você. E esse “pouquinho, mas muito pouquinho mesmo” de inteligência me garante que eu não fique pensando só em maquiagem, garotos e roupinhas novas de grife, que eu use meu cérebro pra coisas mais relevantes do que isso e que eu não deixe a prova de Física em branco e depois fique dando piti na sala por causa disso.
            Maria mal terminou a frase e Alice, já vermelha de ódio e bufando, lhe deu um tapa no rosto, que seria devolvido se Rafael e Sasha não tivessem ficado entre as duas e empurrado cada uma para um lado, com uma distância enorme entre elas.
            — Rafa, por tudo o que é mais sagrado, me deixa voltar lá e acabar com ela, me solta!
            — Nem pensar, você fica aqui comigo até se acalmar ou até a Alice ir embora.
            Por mais que tentasse, Maria não tinha força suficiente para fazer Rafael soltar seus pulsos. Ele tinha colocado a garota com as costas contra a parede e estava na sua frente, exatamente para evitar que ela escapasse. Depois de espernear muito, ela esvaziou os pulmões e deixou os ombros caírem. E mesmo assim, Rafael continuava segurando-a firme.
            — Posso saber o que foi aquilo Alice?
            — Vai perguntar pra Maria, quem começou com a baixaria foi ela. Mas… por que você resolveu vir pro lado de cá, ao invés de ir pra lá com a Dona Coisinha?
            Sasha deu um suspiro de impaciência.
            — Eu não resolvi nada, simplesmente empurrei a primeira de vocês duas que entrou na minha frente.
            — Tem certeza de que não tem nenhuma preferência envolvida nisso? — o ar debochado dela deu lugar a um sorriso maroto.
            — Olha Alice, me esquece. Pode fingir que não me conhece e nem bom dia precisa dizer, tudo bem? To indo embora.
            Sem pensar duas vezes, ele virou as costas e saiu, inconformado com o que tinha visto e principalmente ouvido. Sua indignação era tanta que nem se lembrou de perguntar se Maria iria embora com ele.
            — Pronto Rafa, a Alice já foi embora. Posso ir também?
            — Cadê o Sasha?
            — Pra quê?
            — Pra ele ir com você até sua casa, tenho certeza de que tanto eu como ele queremos que você vá direto pra lá, sem ir procurar ninguém.
            — Ele já foi embora, acabei de ver… deixa eu ir embora também…
            Rafael olhou para os lados, como se procurasse uma solução.
            — Nesse caso eu vou com você e nem pensa em reclamar. Vamos.
            Maria ficou emburrada e só abriu a boca no portão de casa.
            — Você é um chato, sabia?

            — Um chato que te ama. — Essa frase saiu sem querer, mas pareceu que Maria não percebeu o que realmente queria dizer.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Nós e a Tecnologia


No último fim de semana, acordei, tomei café e fui direto para o computador, usar a internet. Coloquei o plug na tomada, liguei o estabilizador, apertei o botãozinho do gabinete, vi o monitor acender e, enquanto esperava o PC inicializar, fui pegar um copo de suco na cozinha. Até aí, nada de extraordinário. Voltei e tentei conectar a internet. Meu estresse começou aí. Eu realmente só tentei, porque conectar que é bom, nada.
A janela “Estabelecendo conexão por miniporta WAN (PPPOE)” abria, mas depois de longos segundos aparecia bem no meio da tela “Erro 678: o computador remoto não responde”. Pacientemente, cliquei em “Rediscar”. Fiz isso mais uma, duas, cinco, oito vezes, até que, com o sangue fervendo, resolvi desligar o computador, desconectar e reconectar todos os cabos do modem. Se adiantou? Não.
O que quero mostrar contando tudo isso é o vício que temos em tecnologia, em estarmos o tempo todo conectados. Gastei quase uma hora inteira do meu dia tentando ligar uma coisa sem a qual eu deveria viver perfeitamente bem. Afinal, o que há de tão importante nela? Facebook? Jogos? YouTube? Se eu ao menos trabalhasse, poderia dizer que precisava verificar meus e-mails, talvez. Mas na realidade eu queria me conectar pelo simples hábito – além do fato que, se estou pagando pela prestação de um serviço, devo recebê-lo, não?
Outro dia, esqueci meu celular na escola e só fui recebê-lo na manhã do dia seguinte, ou seja, passei 20 horas sem ele. E não senti a menor falta de acender sua tela a cada meia hora para saber se eu tinha uma nova mensagem, alguma perdida ou de ficar apertando botõezinhos indefinidamente, jogando Block’d. Mas sei que sou uma exceção à regra, que a maioria das pessoas sentiria no mínimo um desconforto diante dessa situação.
E nosso vício vai muito além de computadores e celulares: videogames, iPods, iPads, microondas, geladeiras, máquinas de lavar e até secadores de cabelo e chapinhas.
Nas palavras de Einstein, “temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo terá uma geração de idiotas”.

Prato de Comida


Naquele dia, Márcio acordou radiante; era o primeiro dia no emprego novo, depois de três meses desempregado, preocupado com o sustento do seu garoto, sua caçula e sua mulher. Estela trabalhava de manicure e cabeleireira, mas não ganhava o suficiente para manter a casa. O marido havia conseguido aquela vaga na siderúrgica em ótima hora. Plano de saúde, carteira assinada e bom salário. Era tudo o que pediam a Deus.
O ônibus da empresa passaria no ponto as quinze para as sete. Dez minutos antes, Márcio já o estava esperando, parado, sozinho na rua. Quando o barulho do motor despontou na rua deserta, o coração disparou. Ele entrou, meia dúzia de peões já estavam sentados, dormindo. Márcio fechou os olhos e tentou fazer o mesmo, mas foi impossível. Muito simples, assim como ele, todos os operários que entravam no ônibus o cumprimentavam, e Valdir fez questão de se sentar ao seu lado. Se apresentou e disse para pedir ajuda sempre que precisasse. Apesar de não demonstrar, Márcio suspirou aliviado.
No período da manhã não teve nenhuma tarefa propriamente dita. Seu supervisor o orientou com relação às suas tarefas e deixou implícitas algumas ideias da hierarquia ali, para quem trabalhava em chão de fábrica. Todos eram peões, mas anos de casa faziam diferença de vez em quando.
Hora do almoço. Márcio entrou no refeitório sem acreditar no que via; executivos engravatados, secretárias com roupas alinhadas, faxineiras, operários, todos juntos, na mesma fila esperando para pegar a mesma comida. Eram tratados como iguais, afinal. Com o prato já cheio, saiu da fila e viu Valdir acenando, indicando um lugar vazio na mesa.
—Nossa Senhora, garoto! — Valdir arregalou os olhos para o prato de Márcio, que ruborizou — Vai com calma, podemos repetir se quisermos.
— É que… — ele tomou um gole de suco para ajudar a comida a descer — preciso comer aqui, encher o bucho. Tenho que deixar a comida de casa para os meus pequenos.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 32


Não, o blog não foi desativado! hahaha Peço mil perdões por esse tempo todo longe, mas agora que estou no 3° ano do médio a vida é pura correria! Vou tentar manter uma certa regularidade nas postagens, mas não posso garantir nada :/ aproveitem o texto novo!

            — Eu juro que não sei o que o Rafa e o Sasha, dois caras tão lindos veem na horrorosa da Maria Ishii. Gorda, desengonçada, aquela cara de boba alegre e metida a quem sabe de muita coisa.
            O sangue dela ferveu nas veias e por mais que quisesse se controlar, ela não iria engolir tamanho desaforo. Aproveitando que já tinham saído da escola, ela puxou Alice pela blusa, ficando frente a frente com ela. Quando percebeu o que estava acontecendo, Alice ficou branca e principalmente desesperada. Mas não perdeu a pose e muito menos a falsidade.
            — Que é isso? Ta ficando louca, variando das ideias?
            Isso só serviu para irritar Maria ainda mais.
            — Eu acho que quem precisaria de uma internação no manicômio aqui seria você, porque parece que a sua noção de perigo foi pro espaço. Eu sou legal e paciente com quem merece e ainda assim até a página dois.
            Uma rodinha já tinha se formado em volta das duas, mas ninguém ali tinha a intenção de apagar o incêndio se fosse necessário.
            — Hum, que interessante, ameaça. — Alice não tirava aquele sorriso debochado do rosto por nada no mundo. — Que medo. Principalmente com esse monstro na minha frente. Aliás, até a sua amiguinha Calina já percebeu que você é assim, sabia?
            — É, ela me contou, ontem mesmo, tudo o que pensa de mim. E a gente já resolveu o que precisava. O meu assunto pendente agora é com você. Por que não aproveita que eu to aqui na sua frente e me fala tudo o que pensa de mim?
            — Talvez seja bom mesmo, assim você ouve pela primeira vez o que todos pensam a seu respeito, mas ninguém tem coragem de falar. Bem, que beleza não é o seu forte você já deve saber, se existe algum espelho na sua casa. — “Deixa ela terminar de falar.” Era tudo o que Maria pensava. — E talvez não seja má ideia você se tocar de que se não fosse esse pouquinho, mas muito pouquinho mesmo, de esperteza a mais, você não teria nenhum amigo, já que quem se aproxima de você é por puro interesse. Tem muito mais, se quiser realmente escutar é só dizer.
            Era duro ouvir justo dela o que Maria já pensava sem a influência de ninguém, mas ela tinha que se controlar.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Amigos Idiotas


— Ei, João!
Ele continuou andando, fingindo não ter ouvido seu nome.
— Que é isso, cara, anda logo, olha aqui!
Puxando o capuz do moletom, ele apertou o passo.
— Quer saber? Vai embora mesmo! Ninguém aqui precisa de você!
Tiago deu meia volta e trancou o portão. João continuou subindo a rua, mas sem saber para onde ia, porque àquela altura isso não tinha a mínima importância. Andava olhando para o chão e chutava cada pedrinha que aparecia na sua frente como se isso pudesse fazer sua raiva diminuir. Sua distração era tanta que nem percebeu que Olívia vinha em sua direção.
— Ai! — João levantou os olhos — Cuidado com essas pedras, seu… João?!
Ele abaixou a cabeça de novo e voltou a andar, desviando de Olívia. Ela segurou seu braço.
— Nem pense em fugir de mim.
— Eu não fujo. Só evito discussões. Principalmente com quem gosto.
— Não quero discutir, quero conversar. Você não vai pra casa do Tiago?
— Acabei de sair de lá.
— Ótimo então. Vamos andar um pouco, que tal? Eu queria mesmo ir até o mercado comprar um sorvete. Vem comigo?
— Sorvete? Ta garoando e frio pra caramba.
— Eu gosto de sorvete no inverno, e daí? Vem ou não?
Ela estendeu a mão. Meio contrariado, ele aceitou o convite.
— E então? Vai me contar o que aconteceu ou vou precisar te torturar?
— Não enche.
— Caramba, eu quero te ajudar, mas assim fica difícil! Por que vocês brigaram de novo?
— Vocês?
— Você e o Tiago.
— Não briguei com ele.
— Ele brigou com você?
— Ele deu mancada comigo.
— Que novidade.
— Você não leva nada a sério, né garota?
— E desde quando ironia é piada? O que ele fez?
— Contou. Pra todo mundo. Foi só eu sair da sala que ele abriu o bico.
Silêncio fúnebre. Olívia improvisou um coque no cabelo molhado e arrumou a saia.
— Não ta com frio?
— Não. Antes molhar as pernas do que andar com uma calça encharcada. E o moletom seca logo. Mas… como você sabe?
— Que ele contou? Simples. Eu ouvi. Ele nunca conseguiu falar baixo, você sabe. E o desgraçado ainda fez cara de paisagem quando eu voltei.
— E o pessoal?
— Não sabiam se riam ou se ficavam me olhando com aqueles olhões arregalados. Bando de imprestáveis.
— Me espera aqui, é rapidinho.
Olívia pegou um picolé no refrigerador e comprou mais umas balinhas no caixa.
— Quer?
— Não.
— Nem uma bala pra adoçar a vida? Eu diria que você ta precisando.
— To precisando mesmo é de menos amigos idiotas.
— To incluída aí?
— Nem. Ta sujo aqui.
— Valeu. — ela limpou o queixo — Quer se mudar comigo? Ir pra outra cidade, estado, país, sei lá, sumir no mundo? Seria muito legal, hein? Que tal Amsterdam?
Os dois riram, mas pararam logo.
— Não sei se abriria mão de tudo aqui. Ainda que fosse por Amsterdam.
— Nem dos seus amigos idiotas?
— Pensando bem… acho que muito menos deles.
João riu pelo nariz.
— Acho que vou lá na casa do Ti. Eles já tinham começado a assistir o filme?
— Não.
— Quer vir comigo?
— Também não.
— Beleza. Recado?
— Manda o Tiago… ah, você sabe.
— Sei sim. Mas quem costuma fazer isso com ele é você.
João já tinha virado as costas e começado a andar, ele levantou o dedo do meio e Olívia ficou gargalhando, parada na rua enquanto a chuva engrossava.
— Tsc, tsc… garotos…

sábado, 26 de janeiro de 2013

Precisa-se


Precisa-se de alguém
Que apoie a esperança
Um sonho inalcançável

Precisa-se de um novo ser
Para arrumar este planeta
Terra quase inabitável

Precisa-se, a presença necessária
Que o tempo, impiedoso
Toma sem pensar em ser amável

Precisa-se, compreensão
Não existe perfeição
Apenas inigualável

Precisa-se da força de vontade
Atingir objetivos, tornar realidade
Fazer a fome de sucesso insaciável