quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Esse é o Perigo

Meu celular apitou avisando que eu tinha uma nova mensagem. Nem precisei pensar para minha mão ir até ele com extrema rapidez e acender sua tela. Quando vi que era você, só consegui pensar “finalmente me respondeu!”, e depois de ler o que tinha escrito - uma frase nada especial - não pude evitar um suave curvamento dos meus lábios.
Foi aí que outro alarme apitou, mas dessa vez dentro da minha cabeça. Era como se gritasse no meu cérebro “alerta vermelho! Perigo à frente!”. Coloquei o celular sobre meu peito e fiquei mirando o teto na escuridão, um pouco atordoada com o que tinha acabado de acontecer, com o que eu tinha acabado de perceber.
Até aquele momento, você era só… você. Só alguém com quem eu tinha conversas agradáveis, que vez ou outra se baseavam em comentários ácidos sobre pessoas específicas. Só um conhecido que me dava conselhos em alguns momentos de leve desespero.
Sim, “conhecido”. Não ouso usar a palavra “colega”, muito menos “amigo”. Você não passava de uma pessoa que arrancava algumas gargalhadas de mim às custas de piadas ruins. Aliás, preciso lhe confessar: na maioria das vezes eu não ria das piadas em si, mas de quem as contava. Você se empolgava tanto que era difícil não achar graça.
Antes de eu sorrir por causa de uma mensagem banal, você era apenas o rapaz que me olhava estranho sempre que me encontrava escondida em um canto, lendo, ou que ria das caretas que eu fazia quando presenciava o comportamento histérico de amigas se encontrando. Você era o rapaz que me entendia ridiculamente bem mesmo me conhecendo pouco, talvez pelo excesso de características e gostos em comum.
Mais um apito do celular. Uma mensagem pouca coisa mais longa do que a última. “Acho que vc dormiu... falo demais msm /: boa noite!”.
Mais um sorriso meu.

Eu definitivamente estava em perigo.