—
Pela hora já deva ter chegado em casa.
—
Exatamente. Na SUA casa. To aqui no portão.
—
Por que não falou logo? Eu vou ai abrir.
—
Não precisa. Sua mãe me deu uma cópia das chaves, lembra? Pra vir aqui conferir
se a senhorita está bem de vez em quando.
—
E por que não entrou ainda?
—
To preparando uma surpresa. Daqui a pouco eu entro.
Ele
desligou, se sentou na calçada, pegou o estojo, o bilhete e começou a escrever.
Dali a alguns minutos, bateu na porta do quarto.
—
Entra logo, Sasha.
Por
uma fresta na porta, o rosto dele apareceu.
—
É seguro entrar no mesmo recinto de uma louquinha desvairada?
Antes
que uma almofada o atingisse, ele fechou a porta. Mas entrou logo em seguida. Maria
estava pálida, e abriu um sorriso quando o viu.
—
Você contou pra alguém?
—
Não, nem pra Calina. — ele se sentou na cama.
—
Perdi alguma coisa de interessante?
—
Não… mesmos assuntos de sempre, o mesmo blábláblá dos professores. Mas com
certeza a sala tava muito mais sem-graça sem você lá.
O
coração de Maria dava pulos de alegria.
—
Mas qual é a surpresa que você tava preparando, afinal?
—
Ah, ta aqui.
Ele
puxou o bilhete do bolso da calça e entregou para Maria.
—
Mentira que você pegou isso do lixo…
—
Nem ta tão ruim assim, ainda mais depois das mudanças que eu fiz.
Maria
começou a buscar as tais “mudanças”. Viu que ele tinha coberto algumas manchas
de sangue fazendo corações em cima e… ela mal podia acreditar no que estava
vendo. A frase no rodapé da página não dizia mais a mesma coisa. Com algumas
palavras riscadas, agora estava escrito: “ser seu namorado não vai ser fácil,
vou ter que fazer sacrifícios como esse só pra te agradar! Mas no fim vai valer
a pena, porque quando precisar de abraços e carinho você não vai poder me negar
um favorzinho desses! Brincadeira… ah, só mais uma vez: TE AMO, namorada
linda”. Incrédula, Maria levantou os olhos para Sasha.
—
Aceita?
Ela
pulou no pescoço dele, que estava explodindo de alegria por dentro. Rafael que
o desculpasse, mas ele sim tinha conseguido conquistar o coração daquela garota
linda. Com o rosto enterrado no pescoço de Sasha, Maria sentia aquele perfume,
a melhor droga para o seu cérebro. Aquele perfume que a fazia esquecer do
mundo, de todos os problemas que quase separaram os dois para sempre. Enquanto
muitos sentiriam que poderiam morrer de amor naquela hora, ela queria viver.
Viver de amor.