Sasha
não se conformava com o fato de que Maria e Rafael estavam juntos. O pior era
que isso era tudo o que se passava na sua cabeça há dois dias, e quando achava
que tinha conseguido fugir do assunto, algo o lembrava dele de novo. Mas
naquele momento ele perdeu a paciência, cansou de não fazer nada e decidiu ir
conversar com Maria, dizer o que sentia, sem dar muita importância para as
consequências. Trocou de roupa e foi até a casa dela.
—
Ué, a Maria esqueceu o portão aberto? — ele entrou e trancou o portão — A porta
também?
Sasha
começou a ficar preocupado. “De novo não…” foi tudo o que pensou antes de sair
pela casa chamando a amiga, até a encontrar na cozinha.
A
cena era a mesma de alguns meses antes. Maria estava sentada no chão, o rosto
encharcado de lágrimas, um olhar vazio, com sangue escorrendo pelo braço
esquerdo e uma faca na mão direita. Sem nenhuma palavra e agindo meio por
impulso, Sasha tirou a camiseta e a amarrou bem apertada no pulso de Maria. Ele
correu até o telefone, chamou uma ambulância e avisou a mãe de Maria. Quando
voltou para perto da garota, ela o abraçou e voltou a chorar.
—
Ta tudo bem agora. Se acalma. Sua mãe e a ambulância já estão vindo.
Os
dois não se soltaram até que a mãe de Maria chegou gritando o nome da filha.
Maria
ficou bem, mas o médico recomendou que ela ficasse em casa por uma semana, para
evitar qualquer tipo de estresse, e exigiu que ela voltasse a freqüentar o
psicólogo.
Na
segunda-feira depois de tudo isso ninguém além de Sasha sabia o que tinha
acontecido. Durante o intervalo, assim como alguns dias antes, ele foi para o
banheiro, se apoiou na pia e ficou olhando para o espelho. Até que Rafael
apareceu.