sábado, 26 de janeiro de 2013

Precisa-se


Precisa-se de alguém
Que apoie a esperança
Um sonho inalcançável

Precisa-se de um novo ser
Para arrumar este planeta
Terra quase inabitável

Precisa-se, a presença necessária
Que o tempo, impiedoso
Toma sem pensar em ser amável

Precisa-se, compreensão
Não existe perfeição
Apenas inigualável

Precisa-se da força de vontade
Atingir objetivos, tornar realidade
Fazer a fome de sucesso insaciável 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 31


            Maria estendeu uma sacola da mesma livraria onde comprou o seu exemplar autografado. Era impossível… não, ela não tinha feito isso. O coração de Calina acelerou, a respiração parou e seus olhos se fixaram no pacote. Ela quase desmaiou ali na calçada mesmo.
            — Você… você…
            — Eu, eu, sim. Pega e abre logo!
            A paralisia foi embora de repente e ela agarrou o pacote com pressa, mas em seguida tirou de dentro dele o livro com tanto cuidado que se pudesse colocaria luvas para não estragá-lo. E lá estava o mesmo autógrafo, em tinta preta, na primeira página. Pregado logo abaixo, um post-it azul, combinando com a capa, onde estava escrito com uma letrinha caprichada que Calina reconhecia, mas não se lembrava de onde: “Para a minha amiga chata, que eu amo Y”.
            — Só fiz o bilhetinho porque minha mãe mandou. Nunca fui muito boa com isso.
            Calina não aguentou e começou a chorar de novo. Mas agora de alegria. Dizia que era o melhor presente da vida dela e nunca iria se esquecer daquilo. Ficaria agradecendo eternamente se Maria não a mandasse voltar para casa antes que escurecesse e os ratos começassem a sair. Calina tinha pavor de ratos.
            No dia seguinte, a indiferença das duas continuou, pelo menos até a hora da saída, quando Maria ouviu Alice falar algo nada agradável a seu respeito para Calina.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Pacote Empoeirado


Foi em um dia assim, sem nada de extraordinário, que meus sentimentos por você viraram do avesso, junto com o meu coração. Juntei tudo o que você tinha colocado nele, empacotei e joguei em um cantinho empoeirado da minha memória, porque não dava para jogar fora um período inteiro da minha vida por causa de uma pessoa que aquela altura não significava, não me causava mais nada. Ou são menos não deveria.
Eu tentei – veja bem, “tentei” – me manter indiferente a você, manter as coisas na mais completa normalidade todas as vezes que nossos amigos mencionavam seu nome ou quando os mais desavisados (ou maldosos mesmo) me perguntavam de você e dos seus planos mirabolantes para o futuro. O problema é que sempre que isso acontecia eu dava um sorriso amarelo e sentia meu coração, estômago, pulmão e até órgãos menos poéticos como fígado, rins e vísceras caindo em um abismo, se comprimindo uns contra os outros.
Eu me recusava a deletar do celular a música que você fez para mim. Na verdade, ainda me recuso. Posso até te odiar, mas a música é boa. Por que você a fez assim, caramba? Devia ter feito como sempre, deixado a poesia, as palavras bonitas e ritmadas, por minha conta. Você foi se meter a besta com elas e deu nisso, criou algo que, além de lindo, deixa qualquer poema que eu tenha feito parecendo coisa de criança em processo de alfabetização. Mas você teve seu castigo. Teve que agüentar minha voz desafinada repetindo os versos por várias semanas seguidas.
Quase tantas semanas quanto eu esperei para a poeira na minha memória assentar depois que arremessei o pacotinho de lembranças querendo que aterrissasse em algum lugar onde fosse difícil encontrá-lo. Todo aquele pó em suspensão me causou uma rinite que custou a passar, me obrigando a conviver com meu nariz entupido e olhos lacrimejando em excesso. Você ia rir de mim se me visse. Iria me chamar de boba. E diria outra vez que fui o melhor desvio de planos que passou pela sua vida… melhor empacotar tudo outra vez antes que a rinite volte.