Daqui a uma
semana começa a segunda fase do vestibular mais famoso e mais amedrontador do
país: Fuvest. São três dias de
sofrimento voluntário de mais de 30000 vestibulandos que sonham com uma vaga na
USP. Eu estou incluída nesses milhares de “masoquistas”.
Assim como
muita gente, comecei o processo pré-vestibular junto com o ensino médio, minha
ansiedade se iniciou ainda em janeiro e passei este ano frequentando um
cursinho que tomou praticamente todos os meus sábados do ano, onze horas por
dia, e até alguns domingos. Porém, não posso dizer que me sinto pronta para
superar os outros dois candidatos que disputam a mesma vaga que eu.
Nas duas
últimas semanas não houve um único dia em que eu não chorei de desespero, ou
por não entender os conteúdos que estou revisando – e que já não tinha
entendido antes – ou por medo de esquecer tudo durante as provas. Tá, eu sou
dramática, tenho consciência disso. Mas, para ser sincera, eu não me importaria
muito em prestar vestibular quantas vezes fossem necessárias. O “problema” é
minha família. Meus pais, para ser mais precisa.
Sei que
uma não-aprovação doeria muito mais neles do que em mim porque sei o quanto
eles batalharam e se sacrificaram para me manter em uma escola particular por
oito anos. Sei o tamanho da expectativa deles, construída por dezenas de
boletins repletos de notas nove e dez. Sei que eles não querem que eu sofra o
tanto que eles sofreram e que uma boa faculdade me ajudaria bastante nisso.
Agora sei
que sempre ao me cobraram, de vez em quando com um pouco de exagero, meus pais
queriam evitar que eu passasse pelo que estou passando, por esse desespero. Agora
entendo os nãos em resposta aos pedidos para sair com meus amigos quando eu
tinha compromissos relacionados aos estudos. Agora compreendo por que era
terminantemente proibido faltar na escola. Agora meu maior medo não é não ver
meu nome na lista de aprovados. É ver a decepção nos olhos das pessoas que mais
amo, mesmo que me digam “na próxima você consegue”.