domingo, 29 de dezembro de 2013

Não é Medo do Vestibular

Gente, eu sei que me excedi um pouco no quesito drama, mas eu precisava desabafar um pouquinho hahaha E quero saber de quem já prestou vestibular: vocês também se sentiram assim?

Daqui a uma semana começa a segunda fase do vestibular mais famoso e mais amedrontador do país: Fuvest.  São três dias de sofrimento voluntário de mais de 30000 vestibulandos que sonham com uma vaga na USP. Eu estou incluída nesses milhares de “masoquistas”.
Assim como muita gente, comecei o processo pré-vestibular junto com o ensino médio, minha ansiedade se iniciou ainda em janeiro e passei este ano frequentando um cursinho que tomou praticamente todos os meus sábados do ano, onze horas por dia, e até alguns domingos. Porém, não posso dizer que me sinto pronta para superar os outros dois candidatos que disputam a mesma vaga que eu.   
Nas duas últimas semanas não houve um único dia em que eu não chorei de desespero, ou por não entender os conteúdos que estou revisando – e que já não tinha entendido antes – ou por medo de esquecer tudo durante as provas. Tá, eu sou dramática, tenho consciência disso. Mas, para ser sincera, eu não me importaria muito em prestar vestibular quantas vezes fossem necessárias. O “problema” é minha família. Meus pais, para ser mais precisa.
Sei que uma não-aprovação doeria muito mais neles do que em mim porque sei o quanto eles batalharam e se sacrificaram para me manter em uma escola particular por oito anos. Sei o tamanho da expectativa deles, construída por dezenas de boletins repletos de notas nove e dez. Sei que eles não querem que eu sofra o tanto que eles sofreram e que uma boa faculdade me ajudaria bastante nisso.
Agora sei que sempre ao me cobraram, de vez em quando com um pouco de exagero, meus pais queriam evitar que eu passasse pelo que estou passando, por esse desespero. Agora entendo os nãos em resposta aos pedidos para sair com meus amigos quando eu tinha compromissos relacionados aos estudos. Agora compreendo por que era terminantemente proibido faltar na escola. Agora meu maior medo não é não ver meu nome na lista de aprovados. É ver a decepção nos olhos das pessoas que mais amo, mesmo que me digam “na próxima você consegue”.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Não Sei Fazer Redação

O texto de hoje é resultado de uma sugestão do meu professor, que disse ter feito algo parecido quando criança. Devo ter sido a única da minha sala a acatar a sugestão, mas tudo bem hahaha

Já estou aqui há mais de meia hora e ainda não desenvolvi uma tese. Sim, porque hoje minhas redações não têm começo, têm - ou deveriam ter - tese. Ah, a vida do primário era tão fácil... bastava escrever uma historinha, com começo, meio e fim e a "tia" elogiava, achava aquele pedaço de papel com 15 linhas escritas uma maravilha! Agora me obrigam a fazer uma coisa que é impossível para mim: transmitir ideias, defender um ponto de vista e fazer os outros acreditarem nele. Pelo papel.
Eu. Não. Sei. Fazer. Redação. Não ganho uma discussão nem ao vivo, olhando para a pessoa, quanto mais sem saber quem ela é.
E não é falta de leitura da minha parte. Leio Poe, Wilde, Veríssimo, Machado, Drummond, Rowling e muitos outros. Mas obviamente há uma diferença entre nós. Eles provavelmente sabiam fazer uma redação quando frequentavam a escola. Boas redações, sobre assuntos relevantes. O máximo que arranco de minha caneta, e ainda assim, sob muita tortura (tanto dela quanto minha), é meia dúzia de linhas sobre "as minhas férias". Ou seja, muito menos do que as benditas vinte linhas exigidas.
Aliás, por que vinte linhas? Se o objetivo é transmitir ideias, uma ou duas linhas bastariam, quem quisesse saber mais que me procurasse. Duvida? Pois bem, eu acho que deveríamos parar de fazer redações, economizar papel e cortar menos árvores. Seria um mundo tão feliz...

sábado, 14 de dezembro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 39

Gente, peço desculpas mais uma vez pela demora, mas minha vida tá meio corrida e bagunçada :/ Final de ensino médio não é mole, não, meu povo. Mas curtam aí!

     Mas toda a sua alegria acabou na hora do intervalo. Rafael tinha chegado na segunda aula e não tinha trocado uma única palavra com ninguém até aquela hora. Enquanto saíam da sala, ele cumprimentou Miguel, Calina, Sasha, Fumio e quando foi falar com Maria, ele desviou do beijo no rosto para um selinho. Alice ficou boquiaberta. Sasha disparou como um raio para o banheiro. Ninguém mais além deles viu a cena.
            — Rafa, olha… aquilo que aconteceu ontem… não era pra ter acontecido.
            — Se não era pra ter acontecido, por que aconteceu então? — ele tentou tocar o rosto de Maria, mas ela virou para o lado. Ele riu pelo nariz — Você ta brava comigo, né?
            — Não, não to. E nem pretendo ficar. É por isso que eu quero que a gente esqueça o que aconteceu. Não quero estragar nossa amizade.
            — E quem disse que isso vai acontecer?
            — Eu. Eu to dizendo.
            — Ta, tudo bem. Prefiro continuar por perto, mesmo que seja só como amigo. Me desculpa.
            — Não tem o que desculpar. Mas se a gente enrolar muito aqui na sala, vamos ficar passando fome o resto do dia, porque vão esvaziar a cantina!
            “Perdi a Maria. Justo para o Rafael, um dos meus melhores amigos. Eu devia ter feito alguma coisa.”
            Sasha estava com as mãos apoiadas na pia, se olhando fixamente no espelho. Não podia acreditar no que tinha visto. Mas ele estava decidido a não comentar nada com nenhum dos dois. E também decidiu se afastar de Maria. Seria melhor assim.
         A discussão de Maria e Alice continuou sendo assunto nos dois dias seguintes e por mais que tentasse ignorar, aquilo estava começando a irritar Maria, e muito. Para piorar a situação, Sasha não conversava mais com ela e mal dava bom dia e tchau; e ela não tinha a mínima ideia do que tinha acontecido para ele ficar assim. Alice sempre dava aquele sorrisinho ridículo e dizia “cadê a ameaça agora?” quando passava por ela. E, claro, Rafael também estava diferente. Parecia que o universo conspirava contra Maria. Pelo menos já era sexta-feira e ela estava indo para casa.