domingo, 20 de maio de 2012

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 23


            — O que eu faço, hein Fumio? Faz muito tempo que eu não tenho uma amiga como a Maria e agora ela ta se afastando de mim… por causa do Rafael.
            — Não faz nada.
            — É, eu sei… espera, o que você falou?
            — Que não é pra você fazer nada.
            Calina olhava para Fumio através dos olhos semi-cerrados.
            — Você ta brincando comigo, não é? Como não vou fazer nada?
            — Não fazendo, ué. Acredita em mim, você não vai se livrar da Maria tão fácil assim. Do mesmo jeito que o Sasha não se livra de mim, mesmo sendo amigo dela.
            — Explica melhor porque eu não to captando a mensagem.
            Fumio riu e mordeu o lábio antes de continuar.
            — Eu nunca tive muitos amigos, sabe? E o Sasha foi o primeiro amigo de verdade que eu tive, então quando ele ficou mais próximo da Maria, eu não me senti muito ‘confortável’, achei que ia voltar a ser ‘solitário’. — os dois começaram a rir — mas depois eu percebi que era uma oportunidade de ter mais uma amiga. E não uma nova inimiga. Mas, escuta, você e a Maria se conhecem há bastante tempo?
            — É, há uns dois anos mais ou menos. Você é homem, não vai entender amizade de mulher. Pra gente, algumas amigas são mais do que irmãs; são nossa outra metade.
            — Ah, então não vou discutir já que você diz. Mas pensa no que eu disse ta?
            Por mais que quisesse se convencer daquilo, Calina não conseguia. E se Rafael conseguisse namorar com a Maria, tudo iria ficar ainda pior. Só de pensar na possibilidade de perder a amiga, a primeira depois de tantos anos, a primeira que realmente ouviu seus problemas e apareceu com soluções, alguém por quem faria tudo porque sabia que valeria a pena… pensar nisso enchia seus olhos de lágrimas e apertava seu coração.

domingo, 13 de maio de 2012

Conselho de Mãe


Lista de coisas para fazer:
1° - Seguir os conselhos da minha mãe
Eu realmente preciso aprender a fazer isso. Passei anos (leia-se: a minha vida toda) achando que seus conselhos eram bons, mas que fazer as coisas ao meu modo seria melhor, que eu sabia mais. Quanta ingenuidade. Ou falta de inteligência mesmo.
Alguns chamam isso de ‘mal adolescente’: mania de se achar melhor e autossuficiente. E, claro, dono do próprio nariz.
Feliz ou infelizmente não somos (aqui incluo todos aqueles com menos de dezoito anos que se identificaram com qualquer descrição acima) nada disso. Imagine a vida sem os ‘nãos’ e os conselhos maternais. Sim, maternais, porque os pais que me desculpem, mas não há sábio chinês que possa nos ensinar mais do que nossas mães. E todos hão de concordar que apesar de termos reclamado de seu zelo excessivo, em algum momento somos obrigados pelo nosso bom senso a concordar aquelas palavras que chegaram a nos irritar muito.
Leve um casaco, vai esfriar! Tem um guarda-chuva na bolsa? O céu está escurecendo. Se eu fosse você, não sairia com essa meia furada. Não prefere colocar isso em uma sacola plástica? Pode cair e sujar. Esse guaraná gelado vai te dar dor de garganta. Essa caneta no bolso vai estourar…
Se você está sorrindo agora, mesmo que só por dentro, é porque já ouviu pelo menos uma frase dessas. E se deu mal.
É óbvio que não discordamos sempre e nem sempre que discordamos nos ‘estrepamos’; não somos (apesar de parecermos) tão bobos. Posso estar me contradizendo, levando em conta o que disse no início do texto, mas há uma diferença entre os dois pontos. Somos ridículos quando não aceitamos opiniões mesmo sabendo, lá no fundo, que estamos errados. Mas recusar ajuda não é tão inconseqüente quando arriscar pode realmente ser bom.
Mas, enfim, por via das dúvidas, o melhor é aceitar conselho de mãe. 

sábado, 5 de maio de 2012

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 22


            Os três ficaram em silêncio olhando para as próprias mãos até Maria se levantar. Rafael, que ainda segurava sua mão, perguntou aonde ela ia, mas Maria apenas olhou para ele e puxou a mão. Assim, desceu as escadas.
            — É o Sasha. Sempre ele.
            — Rafa, eles são amigos há séculos. Não adianta você ficar bravo.
            — Amigos… sei. Isso já passou de amizade faz tempo, e eu é que não vou ficar esperando pra ver onde vai acabar.
            Ele se levantou e também desceu as escadas, atrás de Maria, que estava sentada em um banco ao lado da quadra.
            — Ei, o que aconteceu? Você saiu correndo depois que a Calina falou do…
            — Não, não tem nada a ver com ele. O que me irrita é a Alice. E como eu sabia que depois de a Calina ter começado o assunto vocês iriam falar dela, resolvi sair antes.
            “Ótimo”, Rafael pensou “nem vou precisar fazer muita coisa pra afastar os dois. A Alice faz isso sozinha.”
            — Ninguém vai falar dela se você não quiser. Vem. Vamos lá pra cima.
            O resto daquele dia foi muito cansativo para todos. O professor de Matemática passou uma lista enorme de exercícios e na aula de Português a professora decidiu pedir uma redação faltando vinte minutos para o sinal bater. Isso sem contar a aula de Educação Física.
            Depois de um dia assim, finalmente sexta-feira. Mas todos estavam desanimados pensando nas provas da semana seguinte, e cada um reagia de uma maneira. Enquanto Sasha mal se alterava, Maria ficava insuportável, se irritava com qualquer pergunta ou palavra dirigida a ela. E ainda assim, Rafael não saia de perto dela. E quanto mais tempo Maria passava com ele, mais Calina ficava de fora dos planos da amiga.