— Rafa, que conversa é essa? Eu já reparei que você ta esquisito hoje, mas vai direto ao ponto, pode ser?
— Olha Sasha, — ele deu uma risadinha — a gente sempre foi muito amigo, né?
— É, mas, o que isso tem a ver com o que você estava falando da Maria? Porque eu tinha certeza de que, assim como todos os caras da sala, você também só tinha olhos pra Alice.
— Não, eu nunca gostei daquela Barbie que tomou vida! E respondendo a sua pergunta, tem tudo a ver com a Maria.
— Cara, para de enrolar e responde logo!
— Sasha, deixa de ser tapado! Eu gosto da Maria! Acorda!
Ele sentiu como se tivesse batido em uma parede. Não, ele não tinha ouvido aquilo, o Rafael não podia gostar da Maria. Isso não significava que ele, Sasha, gostasse dela, mas… isso não vinha ao caso. Tentando parecer o menos alterado possível, perguntou:
— E por que você nunca me contou?
— Por que eu achava que você gostava dela, mas ontem quando te vi com a Alice percebi que eu tava errado.
— O quê? Alice? Não gosto dela, se é isso que você pensou. Aliás, até gosto, como amigo.
— Não foi isso que pareceu. Sem contar que ela também gosta muito de você, e como mais do que amiga. Mas vamos parar com esse papinho porque está começando a parecer coisa de menina. Vamos pra escola.
Nenhum dos dois fez questão de conversar com outro no caminho, talvez porque soubessem que a partir daquele momento, todos os anos de amizade ficariam esquecidos. Pelo menos por algum tempo.