quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Todas São Plus Size

Robyn Lawley
Quem me conhece pessoalmente pode nem desconfiar - e até duvidar - do fato de que eu adoro moda. Sério. Sigo pelo menos uns cinco blogs de moda, beleza e afins. Posso não colocar muito do que vejo em prática, mas acho que se trata de um universo fascinante. Cores, tecidos, cortes, texturas, enfim. Mas não é preciso ter o mínimo contato com moda para saber que as mulheres mais gordinhas costumam ser excluídas desse tal universo.
Foi por esse motivo que surgiu o movimento plus size. Não são quilos extras que vão impedir as mulheres de se vestir bem, assim como não são eles que as tornam menos bonitas do que as moças magras. Infelizmente, aqui no Brasil a ideia do plus size ainda está em processo de difusão e são poucas lojas que têm opções variadas de roupas para esse público, e não somente as costumeiras peças com cara de "tia".
Mas basta fuçar um pouquinho a internet para achar ótimos blogs que dão dicas para as gordinhas de como se vestir maravilhosamente bem, e o Grandes Mulheres - que acompanho há bastante tempo - é um deles. E foi por ele que fiquei sabendo de um assunto meio polêmico.
Semana passada a revista Cosmopolitan fez um ensaio fotográfico de moda praia supostamente plus size. Por que supostamente? A modelo, Robyn Lawley, é, sim, uma modelo plus size. MODELO. E considerando que as modelos "normais" vestem de 34 a 36, no máximo 38, uma mulher como a Robyn tem realmente quilos a mais, e gostosura a mais também, diga-se de passagem. Mas não para algumas gordinhas, que se sentiram insultadas. Afinal, se Robyn é gorda, elas seriam o quê? (e confesso que me fiz a mesma pergunta)
O sururu começou aí. A maioria das pessoas concordava que não tinha cabimento enquadrá-la no plus size. Ela e todas as outras moças com corpos assim. Porém, bastante gente dizia que se isso não fosse feito, tais moças seriam mais uma vez excluídas, por não se encaixarem em nenhum dos dois modelos, no de magreza ou de gordurinhas.
Mas pensem comigo: será que um rótulo importa tanto assim? É claro que é importante as gordinhas terem um espaço garantido em um território antes habitado apenas por mulheres macérrimas, só que daí a esquentar a cabeça com uma designação para passarelas é um pouco demais.
A curiosidade me fez descobrir que o termo plus size é válido para mulheres que vestem a partir do 40/42. Eu pergunto: quantas mulheres, não no mundo, podemos reduzir a escala apenas ao Brasil, vestem de 34 a 38? Com certeza um número bem abaixo da metade da população feminina, não? Então... somos todas plus size? Todas vestimos um "tamanho maior" que o padrão? Sendo que nós somos o padrão? Até quando as mulheres serão levadas a acreditar que, por terem corpos como o da Robyn, são gordas?
E é engraçado ver algumas situações do cotidiano. Eu sou personagem de muitas delas, e uma em especial me faz rir hoje, porém, na época, fez com que eu me sentisse meio deprimida por não ser magricelinha. Durante uma conversa com duas amigas, ambas pequenininhas e bem magras, o assunto "numeração do jeans" veio à tona. As duas vestiam 36, e eu, 42. O silêncio e as expressões delas só serviram para me fazer sentir vergonha. E foi assim que eu me senti por muitos anos, envergonhada por vestir 42 e, agora, 44. Até olhar bem para as duas e perceber que elas não tinham quadril, coxa, panturrilha. Tinham cambitos. E eu, modéstia à parte, tenho pernas que me rendem elogios de vez em quando e meu quadril é qualquer coisa menos estreito.
Se não sou plus size, ótimo; se sou, melhor ainda, agradeço por ser considerada do mesmo "grupo" de tantas mulheres lindas e, acima de tudo, autênticas.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Segredos, Conflitos e Amor - Cap. 38

            — Na sétima série ela teve, sei lá como explicar isso… uma crise de depressão. Eu nunca soube o motivo. Mas durante essa crise ela cortou o pulso esquerdo e só não cortou o direito também porque a mãe dela chegou na hora certa. Ela começou a fazer tratamento com psicólogo, mas depois de seis, sete meses ela parou. E no começo desse ano, que foi quando ela escreveu aquilo, ela fez a mesma bobagem. Só que quem a encontrou dessa vez fui eu. Depois disso ela me contou o que já tinha acontecido, mas não o porquê.
            Calina estava em choque, nunca imaginaria que Maria tinha feito uma coisa dessas, querer tirar a própria vida… logo ela, que sempre parecia tão feliz…
            — Não comenta nada com ela, ta? Já foi difícil pra ela passar por isso duas vezes, e ficar lembrando não ajuda em nada. — Calina fez que sim com a cabeça — Agora vamos voltar porque o sinal bate daqui a pouco.
            Os dois chegaram na mesma hora que Maria, que era seguida pelos olhares de todos. Alguns ainda comentavam bem alto:
            — É difícil ter que estudar na mesma escola que gente baixa, sem nível e sem educação…
            Maria simplesmente olhava com expressão de divertimento e comentava com Calina:
            — Eles que ficam gritando e eu que não tenho educação?
            O assunto daquele dia era a discussão do dia anterior. Maria era apontada como a errada da história, quem tinha começado sem motivo algum, mas ela simplesmente se fingia de surda. Não deixava os comentários alterarem seu bom humor. Alice, por outro lado, era vista como a vítima pela maioria, pois pouquíssimas pessoas tinham ouvido o que ela tinha dito de Maria. Mas, sendo adepta do “falem bem ou falem mal, mas falem de mim” não se incomodava, pelo contrário, estava adorando a situação.