Maria estendeu uma sacola da mesma
livraria onde comprou o seu exemplar autografado. Era impossível… não, ela não
tinha feito isso. O coração de Calina acelerou, a respiração parou e seus olhos
se fixaram no pacote. Ela quase desmaiou ali na calçada mesmo.
— Você… você…
— Eu, eu, sim. Pega e abre logo!
A paralisia foi embora de repente e ela agarrou o pacote
com pressa, mas em seguida tirou de dentro dele o livro com tanto cuidado que
se pudesse colocaria luvas para não estragá-lo. E lá estava o mesmo autógrafo,
em tinta preta, na primeira página. Pregado logo abaixo, um post-it azul,
combinando com a capa, onde estava escrito com uma letrinha caprichada que
Calina reconhecia, mas não se lembrava de onde: “Para a minha amiga chata, que
eu amo Y”.
—
Só fiz o bilhetinho porque minha mãe mandou. Nunca fui muito boa com isso.
Calina
não aguentou e começou a chorar de novo. Mas agora de alegria. Dizia que era o
melhor presente da vida dela e nunca iria se esquecer daquilo. Ficaria
agradecendo eternamente se Maria não a mandasse voltar para casa antes que
escurecesse e os ratos começassem a sair. Calina tinha pavor de ratos.
No
dia seguinte, a indiferença das duas continuou, pelo menos até a hora da saída,
quando Maria ouviu Alice falar algo nada agradável a seu respeito para Calina.
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