A
noite era de festa, mas tudo o que Larissa queria era sair logo daquele
auditório; feito isso, deletaria os últimos oito anos, teria uma nova imagem e
a chance de uma nova vida.
Se
tudo desse certo, estaria indo para outra cidade morar sozinha dali a dois
meses. A solidão não a incomodaria, com certeza. A única companhia para o fim
de semana com a qual ela estava acostumada eram seus livros, DVDs e cobertores.
Deixá-los todas as segundas-feiras era horrível. Ir para o colégio era
horrível. Saber que muita gente a procurava apenas para conseguir cola em
provas e lições para copiar era horrível. E ela sabia que era horrível de sua
parte rir sempre que pensava em como seria a vida acadêmica dessas pessoas sem
ela.
Ao
acordar naquele dia, pensou em tudo isso. Ligou a internet e viu aquelas
dezenas de comentários com coisas como “vou sentir falta disso!”, “minha vida
não será a mesma sem ver vocês todos os dias!”, “fico feliz em saber que a
amizade não acaba por aqui”. A primeira coisa que passou por sua cabeça:
“hipócritas. Passam a vida ofendendo uns aos outros e hoje querem fingir que
são amigos…”.
Colocou
seu vestido, maquiou-se e foi para sua formatura. Encontrou meia dúzia de
pessoas com quem realmente se importava e passou a rezar para que tudo acabasse
o mais rápido possível. Olhava para os
sorrisos e lágrimas que a rodeavam e sentia pena. Não dela própria, mas
daqueles que pareciam acreditar que estavam sofrendo.
Diplomas
entregues. Um professor começou a discursar.
—
Acabou. Vamos lá, podem ficar felizes! Sei que…
A
partir daí Larissa não processou mais nada. Só voltou à realidade quando a
chamaram por ser a primeira de sua turma.
Recebeu
um certificado e flores. Deu um sorriso amarelo para as câmeras.
Ao
pisar fora do prédio, jogou o buquê no lixo mais próximo.
“Chega
de passado”.
e somente o comeco,
ResponderExcluirhummm,faz parte da vida, ou talvez vivenciarmos de forma mais ampla..
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