— Sabe que eu também achava isso?
Até você me trocar pelo Rafael! Faz quase um mês que eu não sei o que é
conversar com você, ficar uma hora no telefone só falando bobagem… faz um mês
que eu não sei o que é ser sua amiga.
— Eu nunca te trocaria pelo Rafael,
porque quem me entende, quem é a minha metade, é você…
Calina sorriu, lembrou da conversa
que teve com Fumio. Ela se levantou do chão e se jogou no pescoço de Maria, e
ainda chorando sussurrou no seu ouvido:
— “I’m
the only friend that makes you cry”.
Entre
soluços e rostos encharcados de lágrimas, as duas começaram a dar boas
gargalhadas.
— Viu só? Você me apresenta essas
bandas ótimas e as letras colam em
mim. Você me desculpa?
— Com uma condição: foi a Alice que
encheu seus ouvidos ou não?
— É, em parte foi. Mas eu admito que
muitas vezes mesmo sem ela dizer muita coisa eu acabava entrando na dela, falando
mal de você.
— A sua sorte é que você é minha
melhor amiga. Porque metade de mim quer te matar… — Calina arregalou os olhos —
mas a outra metade ta muito impressionada com a sua sinceridade. E agora a
minha primeira metade vai matar a Alice mesmo! Ai, aquela… eu mato ela!
— Não perde seu tempo com ela como
eu perdi. Apesar de que… eu tenho uma ideia. Ou o começo de uma. Por um tempo,
vamos fingir que ainda não estamos nos falando, e eu continuo andando com ela
até ter um planinho em mente.
— E eu achando que eu era má… você
me surpreende! Então, combinado. Sem conversas em público por um tempo.
— Então, até amanhã, inimiga
temporária…
Maria levou Calina até o portão, mas
antes que a amiga fosse embora ela se lembrou de algo e disse que voltaria em
um minuto.
— Isso é pra você. Presente de
desaniversário.
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