Na minha época de escola eu era o típico CDF. Nerd, em termos atuais.
Alguns anos atrás (desnecessário mencionar quantos exatamente), CDFs não eram
esses caras queridinhos de hoje, que de tão amados ganharam série próprias na
TV americana. CDF era aquele cara sentado na primeira carteira, com notas
excelentes, pelo qual qualquer professor cairia de amores. Era o “engomadinho”,
que gostava de tudo na mais perfeita ordem. Pois bem, eu era assim.
Hoje, analisando meu eu daquela época, chego à conclusão de que
provavelmente eu tinha TOC, acompanhado de chatice aguda. Tenho pena de meus
amigos, e ao mesmo tempo admiração imensurável. Eu era, e continuo sendo,
insuportável; passar certo tempo ao meu lado não é para qualquer um. Ouvi da
minha mãe que eu era tão chato que ela não sabia como pessoas ainda se
aproximavam de mim. Carrego esta dúvida até hoje.
Agora que já apresentei meu defeito, saio em minha defesa: me chamam
chato porque tenho mania de corrigir as pessoas. Se alguém diz “cardaço”, corrijo
sutilmente, juro. “Largatixa”, “câmera dos deputados”, “iorgute”… Dou uma de joão-sem-braço
e corrijo a palavra em minha resposta, porque gostaria de ser corrigido se
falasse algo errado.
Imagine a situação: você e a garota por quem é apaixonado, em um
diálogo entusiasmado quando você solta um maldito “quando eu era di menor” (você
não sabe o quanto me dói escrever isso…). Ela te olha estranho, sorri amarelo e
fica atenta a qualquer outro absurdo que saia da sua boca. E não venha me dizer
que se ela realmente gostar de você, um “pequeno deslize” não fará diferença.
Te garanto que seu conceito com a moça cairá alguns pontinhos.
E se o exemplo do encontro não foi o suficiente para te encorajar a
falar corretamente, aqui vai um que fará isso. Você, na entrevista do emprego
dos seus sonhos, quando o entrevistador derruba algumas coisas da mesa. Você o
ajuda a juntá-las e entrega um bloquinho para ele, com as seguintes palavras:
“sua cardineta.”. Esqueça o cargo, amigo. Levante-se e vá para casa. Ninguém
quer a imagem de sua empresa associada a alguém que fala “cardineta”.
Os absurdos não param por aí. Ainda temos o clássico “estou soado” –
você por acaso é um sino para soar? Não? Então você sua, com “u” mesmo. Já ouvi
“penicite”, ao invés de “apendicite”; “ededron”, “encharpe”, “cristal
esvairóvski”… (é Swarovski, por favor. Você não gostaria que errassem seu nome,
não é?)
Não me importo muito com os pleonasmos como “fato real”, “elo de
ligação”, “cego dos olhos” porque nem eu escapo de alguns deles (hoje mesmo
soltei um “certeza absoluta”). Mas isso não os torna menos desagradáveis.
Não fale errado só porque todos o fazem. Está mais do que na hora de se
redimir com a língua que aceitou tantas agressões ao longo de anos. O Português
agradece.
Isso me irrita também... Alguns pleonasmos que já deveriam ter sido erradicados tipo "entrar para dentro","subir para cima" . Outro erro que me irrita ao extremo é "di grátis" e também quando falam "cidadães", isso mata o pobre do Português.
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