Sasha também só se deu conta de sua altura quando percebeu que Maria chegava até seus olhos. O cabelo dela, comprido, liso e escuro, encostava na bochecha dele, como se fizesse um carinho de leve. Era bom estar ali, mas há quanto tempo estavam abraçados? Ele não queria passar uma impressão errada para a amiga, pois isso era apenas o que eram: amigos, nada mais. Ou será que Calina estava certa? Um pouco assustado com seus pensamentos, Sasha se desvencilhou do abraço e deu um beijo na testa de Maria. Aproveitou para brincar:
— Ta ficando baixinha, hein?
— Eu não! Vocês meninos que crescem demais! Pra sua informação, tenho 1,70 de altura, ta? Ei, aquele ali do outro lado da rua não é o Rafa?
— É ele. Mas parece que ta fugindo da gente…
Na outra calçada, Rafael andava rápido, com o capuz do blusão quase cobrindo seu rosto todo e as mãos nos bolsos.
— Besteira sua. — Maria segurou a mão de Sasha e atravessou a rua em direção a Rafael — Rafa! Ei!
Por um momento Sasha achou muito estranho encontrar Rafael naquela rua, porque mesmo que ficasse perto da escola, não fazia parte do caminho do garoto, nem quando ele ia de ônibus ou a pé. Mas para evitar que Maria o chamasse de implicante, não falou nada.
Rafael não chegou a se virar quando foi chamado e precisou que Maria o puxasse pelo braço para parar de andar. Antes que ela começasse a falar, ele tirou o fone de ouvido da orelha direita.
— Desculpa. Fico no mundo da lua com isso. É meio alto, sabe?
— Ah, ainda bem, porque eu achei que você estava me ignorando mesmo! — Maria sorriu — Brincadeira.
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