quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Se Eu Fosse Uma Rosa - Capítulo 01

Sou uma pessoa que gosta muito de imaginar como a vida seria caso algo fosse diferente; se eu fosse outra pessoa, ou um objeto, por exemplo. Em meu último devaneio, acabei sonhando que eu era uma rosa. Um botão de rosa, na verdade.
Eu estava em um vaso muito grande, com várias outras flores ao meu redor. Não passava de um pontinho vermelho em uma confusão de cores e cheiros. Percebi que esse vaso estava em um balcão de um restaurante quando vi mesas e cadeiras em todos os lugares. Reconheci minha mãe, uma violeta muito bonita, em uma das mesas próximas, e meu pai, uma candeia que enfeitava uma parede por perto. Sei o que você está pensando. Como uma rosa pode ser filha de uma violeta e um lampião velho? Também não sei, simplesmente foi isso o que sonhei.
O restaurante era muito bonito, chique, mas ao mesmo tempo simples e aconchegante. Parecia que faltavam apenas alguns minutos para abrirem, pois garçons iam de um lado para o outro tirando as cadeiras de cima das mesas, colocando mais copos no bar; era possível ouvir o barulho de panelas na cozinha e cozinheiros pedindo mais orégano, salsinha e outros temperos.
Além disso, as flores que me rodeavam erguiam suas pétalas com orgulho, deixando-as mais coloridas, e também exalavam um perfume mais forte.
Um lírio e um narciso me olhavam com desprezo. ‘Como eles podem colocar uma flor assim, tão sem-graça, no mesmo vaso que eu, uma flor tão bonita, única? É um insulto a minha beleza!’ ouvi um deles dizendo. Pouco me importei com isso. Eu sabia que bastava um pouco mais de tempo e iria desabrochar, me tornar uma flor tão bonita quanto eles.
O restaurante abriu e ainda assim as mesas perto de mim e o balcão continuavam vazios. Ou alguém tinha reservado aquela área, ou para se sentar nas mesas dali era cobrada uma quantia maior. Digo isso porque eu sabia que a parte do restaurante que ficava fora do meu campo de visão estava cheia, pois o som de talheres batendo nos pratos e conversas chegavam até mim.

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